Soneto de Odylo
de Carlos Drummond de Andrade
Do mirante no sítio do Rocio
Odylo vê o mundo — campo largo,
campo-maior, onde se estende o fio
da completa existência, e, suaveamargo,
o fruto do viver se colhe: sabe
a tudo o que foi sonho e, ainda sonho,
vige, esperança eterna, que não cabe
no tempo o ser, e o vinho no vidonho.
Odylo e Nazareth, tão irmanados
que um não é sem o outro, na paisagem
de filhos e trabalhos ajustados
ao desígnio de Deus: em clara imagem,
feita de transparência e aberta em flor,
nos dois se grava esta lição: Amor.
XII 1964.