NAZARETH & ODYLO COSTA, FILHO
Noiva
Linda, como somente vós sabeis,
forte, como a esperança que em vós ponho,
alegre, como fostes, sois, sereis,
assim vos penso, assim vos recomponho,
curvada embora à vida e às suas leis
mas nunca libertada do meu sonho.
Fostes a noiva na manhã de Reis,
ainda hoje o sois nos versos que componho.
Leio Luís de Camões, o nosso poeta,
a suspirar do amor mais desgraçado
e a maldizer o dia em que nasceu.
Sobrepondo-se à morte e à dor secreta,
o amor feliz, senhora, é o nosso fado,
cantá-lo, a chave do destino meu.
O segredo
Amar foi meu fortíssimo segredo.
Pus meu ofício humilde e bom de poeta
a seu serviço, sem vanglória ou medo,
fiel a essa aspiração secreta.
Cuidei de amor a todos os instantes.
E se acaso me viram descuidado
fingia apenas, como nos semblantes
dos atores o teatro é simulado.
De olhar atento andei pelo mistério:
água de mina para minha sede
e no deserto pão e refrigério.
Neste cair da noite, amigos, vede:
a aleluia infantil nos acompanha,
voz do amor na descida da montanha.